quinta-feira, 6 de agosto de 2009

COROCO E COROCA


Coroco e Coroca eram dois vovós muito simpáticos, que viviam perto de um lago e de uma enorme floresta.

Coroco tinha bigodes bem brancos e usava um chapéu de aba larga e camisa xadrez.

Coroca usava um coquinho e vestidos coloridos bem compridos e oclinhos de aros bem finos.

Coroco e Coroca acordavam de manhã bem cedinho e iam tomar café. Coroca comia um pãozinho que ela mesma tinha assado na véspera. Coroco gostava de biscoitos molhados no café preto.

Depois, Coroco saía para trabalhar na floresta. Tinha muito que fazer. Cortava lenha para a fogueira, varria as folhas que tinham caído no chão durante a noite, fazendo um enorme monte de folhas secas. Colhia algumas frutas e colocava-as na cestinha que Coroca tinha lhe dado. Quando acabava, ia pescar. E passava a manhã toda no lago, esperando os peixes beliscarem a isca.

De manhã, Coroca arrumava a casa todinha. Lavava os pratos, preparava o almoço – muitos legumes que plantava na horta atrás da casa e que de manhã ia colher. Quando terminava de cozinhar as batatas, as ervilhas e as cenouras, ia varrer a sala.

Que bagunça que Coroco fazia! Colocava os livros de volta nas estantes, guardava os papéis espalhados na escrivaninha e punha a toalha e os pratos na mesa para o almoço.

Ao meio-dia, Coroco voltava com os peixes.

– Que bom! – dizia Coroca. – Você pescou um monte desta vez.

Coroco era ótimo pescador. Às vezes, pegava o barquinho e ia pro meio do lago pescar os peixes que Coroca fazia para o almoço. E quando estava tudo pronto, sentavam-se para comer.

Despois do almoço, Coroco e Coroca tiravam uma pestana e, à tardinha, iam passear pelo lago e pela floresta. As árvores, bem altas, balançavam ao vento. E as nuvens, lá em cima, se espalhavam pelo céu.

Quando anoitecia, Coroco e Coroca voltavam pra casa, acendiam o candeeiro e, enquanto Coroco abria seus livros para ler, Coroca pegava na agulha de tricô para fazer umas meias.

Aí Coroco lia histórias pra Coroca ouvir. E no meio de tantas histórias, Coroca às vezes dormia, recostada na cadeira.

– Acorda, que eu ainda não acabei a história! – dizia Coroco.

– Ahn? E o que aconteceu depois? – respondia Coroca, sonolenta.

– Então, o rei voltou ao palácio e criou uma nova lei. A partir daquele dia, todos os seus súditos podiam participar das caçadas reais. Assim, poderiam levar a caça que o rei não quisesse para si.

– Que bonito! Isso é que é um rei bom!

E Coroco passava o resto da noite lendo histórias para Coroca.

Quando já era bem tarde, Coroco e Coroca iam dormir. A cama macia e arrumadinha com lençóis bordados bem brancos estava esperando para um sono gostoso.

Coroco apagava a vela depois que Coroca já tinha se deitado e ambos dormiam felizes, porque aquele dia também tinha sido muito bom.

Thereza Christina Rocque da Motta – 1996

Nenhum comentário:

Postar um comentário