quinta-feira, 6 de agosto de 2009

A FADA DAS PEDRINHAS


Era uma vez uma menina que morava sozinha com a mãe no meio de uma floresta.

Um dia, a mãe pediu a ela que fosse buscar morangos para fazer uma torta. A torta seria preparada para o dia de Ano Novo...

A menina gostava de passear por um caminho que só ela conhecia, então ela foi buscar morangos nesse caminho...

Nesse caminho, além dos morangos, havia um riacho bem rasinho, onde a menina gostava de pegar pedregulhos na beirinha... E lá foi a menina buscar morangos naquele seu caminho...

O dia estava quente, então a menina resolveu molhar os pés na água... E pegar umas duas pedrinhas.. E colocá-las no bolso.. Mas quando ia se abaixar, ouviu uma vozinha:

– Ei, menina! Deixe a pedrinha aí!

– Quem falou? – perguntou a menina.

– Fui eu, a dona das pedrinhas... Se você ficar levando as pedrinhas embora, logo, logo fico sem mais pedrinhas... Deixe a pedrinha aí!!

– Mas eu acho as pedrinhas tão bonitas! Deixe eu levar só mais uma!

– Se levar a pedrinha, vai ter de me levar também com você!

– E onde é que eu iria colocar você? – perguntou a menina, procurando ver com quem estava falando.

Debaixo de uma folha, apareceu uma fadinha azul... toda vestida de cor-de-rosa...

– Ah, então é você a dona das pedrinhas?

– Sim, sou eu... Já que você gosta tanto de pedrinhas, devia me levar pra casa... assim eu faço companhia pra você... Eu fico aqui tão sozinha...

– Eu também... Por isso eu brinco com qualquer coisa que encontro...

– Eu sei... e por isso leva embora as minhas pedrinhas!

– Não, eu não levo mais... se você não quiser...

– Você disse que queria levar mais uma!

– Mas aí vou ter de levar você comigo pra casa! O que minha mãe vai dizer?

– Sua mãe não vai dizer nada... Eu fico quietinha...

– Quietinha? E fadas ficam quietinhas?

– Eu fico... Eu sou uma fadinha-princesa... muito comportadinha...

– Não sei, não...

– Me leve com você! Adoraria ir com você pra sua casa... Prometo não mexer em nada.

– Está bem.

A menina colocou a fadinha no bolso do avental, junto com a pedrinha que a fada lhe deu. E começou a catar os morangos, antes que esquecesse por que tinha vindo até o riacho.

No meio do caminho, encontraram um homem muito velho, que pediu algo para comer.

– Eu só tenho morangos – disse a menina.

– Morangos? Mas eu não quero morangos... Eu quero pão...

– Não tenho pão, meu senhor... Só uma pedrinha...

– Essa serve – disse o velho.

E ele estendeu a mão para pegar a pedrinha. Quando a menina colocou a pedrinha na mão do homem, ela tinha virado um pedaço de pão! Ela olhou espantada, mas não disse nada. O homem pegou o pão e se afastou.

– Que estranho... – pensou a menina. - Eu sei que dei a ele uma pedrinha, mas ele pegou um pão!

– Ih, ih, ih... – riu a fadinha.

– Foi você, não foi? Como você fez isso?

– É simples. É só dizer umas palavras mágicas, que a pedrinha vira um pãozinho...

– Simples? Assim você vai transformar tudo na minha casa em outra coisa!

– Quem sabe? – perguntou a fadinha.

E a menina voltou para casa com a fadinha escondida no bolso e a cesta de morangos no braço.

Ao chegar em casa, viu que sua mãe não estava.

– Ué? Onde ela foi?

Viu um bilhete em cima da mesa, que dizia:

Filhinha, fui ao mercado na cidade comprar farinha para a torta.

O que tem, não dá pra fazermos a torta de Ano Novo.

Beijos,

Mamãe

A menina esperou a mãe voltar sentadinha perto da lareira e... adormeceu... como adormecem todas as meninas quando ficam quietinhas.

Quando acordou, olhou em volta. A casa que era pequena, agora estava maior. A fadinha tinha sumido e a mãe estava sentada à sua frente, sorrindo para ela...

– Onde está a minha fadinha?

– Fadinha? Não sei de fadinha alguma, mas quando voltei pra cá, encontrei outra casa no lugar... e vi você dormindo. Não entendi nada, mas quando algo assim acontece, é melhor não duvidarmos... Você não sabe quem encontrei no mercado...

A menina olhou para a porta e viu um homem alto entrando. No primeiro instante, não entendeu quem era, mas pela expressão da mãe, sabia que ela o conhecia. Olhou para a mãe e perguntou:

– É dele que você sempre fala?

– Sim, é. É o seu pai.

A menina correu para o pai, sem nem saber por que fazia isso, mas estava tão contente que esqueceu de tudo... A casa estava diferente, mas isso tinha sido a fada. Sua mãe parecia feliz e isso era bom.

O Ano Novo começava realmente novo. Nessa noite, fizeram uma festa inesquecível.

Na hora de ir dormir, a menina beijou o pai e disse:

– Boa noite, papai. Sempre será a primeira vez que lhe digo boa noite, porque nunca será a última...

Beijou o pai, fechou os olhos e dormiu.

Este conto de fadas foi escrito online no chat do ICQ para meu amigo Paulo Roberto Adalberto, de Araraquara, que me pediu que lhe contasse uma história antes de ir dormir, lá pelas três da manhã, em 4 de novembro de 1998. Inventei na hora.

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